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O Ministério Público Federal (MPF) solicitou ao Conselho Federal de Nutricionistas a revisão de sua orientação (parecer) sobre o uso da multimistura. Em documento enviado ao Conselho em julho de 2009, o órgão informa que o documento adotado pelo CFN desaconselha o uso desse complemento alimentar usado no Brasil para combater a desnutrição.O CFN revisou e ratificou sua posição com base nos recentes estudos científicos e na legislação estabelecida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e concluiu pela observância do Código de Ética do Nutricionista e em especial da RDC nº. 263, de 22/09/2005, que registra que não existem evidências científicas de que este produto previne, trate ou cure doenças e que é vedada a indicação do produto para suprir deficiências nutricionais.
Multimistura: A Posição do CFN
Na década de 80, a partir de idéias e práticas preconizadas desde 1975, houve uma ampla difusão da utilização de recursos alimentares não convencionais, como forma demelhorar e/ou recuperar o estado nutricional especialmente de gestantes, nutrizes e crianças de baixo peso.Tratava-se do emprego de um composto de baixo custo, obtido a partir de alimentos mais comumente utilizados na nutrição animal, como os farelos, adicionado de folhas esementes secas e trituradas, denominado "multimistura" (M.M). No início da década de 90, houve a mobilização da comunidade científica na tentativade avaliar a eficácia do produto, ocasião em que várias entidades governamentais da área de saúde, instituições de pesquisa e ensino superior, divulgaram resultados depesquisas básicas e experimentais que demonstravam a fragilidade dos argumentos utilizados em favor de supostos benefícios à saúde humana. Tais estudos podem serresumidos nos seguintes pontos:1 - A "multimistura" é uma farinha elaborada a partir de subprodutos alimentares que contem características químicas muito próximas, senão similares, a outros farelos ecereais, não possuindo qualquer atributo que lhe possa garantir a riqueza nutricional alegada por seus adeptos;2 - A quantidade de "multimistura" utilizada na alimentação, pouco contribui para a melhoria da qualidade nutricional da dieta, apesar do conteúdo nutricional de cada umde seus componentes. Além disso, a presença de fatores anti-nutricionais como o ácido fítico, encontrado nos farelos, e o ácido cianídrico, encontrado nas folhas demandioca, prejudicam a biodisponibilidade de minerais como o zinco, o ferro, o magnésio e o cálcio presentes na dieta habitual;3 - Os farelos de trigo e arroz podem ser considerados boas fontes de fibras alimentares, com grande capacidade de absorção de água, além de representar umafonte importante de vitaminas E e do complexo B, mas um aumento de ingestão de fibras por pessoas que ingerem quantidades insuficientes de proteína pode reduzir obalanço de nitrogênio, prejudicando ainda mais o estado nutricional; 4 - Em relação a folha de mandioca e da semente de abóbora, a maioria das pesquisasressalta os elevados conteúdos protéicos desses produtos, não mencionando o seu conteúdo, que foi o principal motivo da disseminação dos mesmos na alimentaçãohumana.5 - No farelo de trigo e de arroz, o ácido fítico está presente em grande concentração constituindo um fator anti-nutricional que interfere na biodisponibilidade de minerais,tais como zinco, cálcio, magnésio, e provavelmente ferro.6 - Em relação ao pó da casca do ovo destaca-se que, embora seja um produto rico em cálcio, não há pesquisas conclusivas quanto a biodisponibilidade deste elemento.Sabe-se apenas que a forma de preparo e de ingestão do produto interfere negativamente na absorção do cálcio;7 - A concentração do ácido cianídrico é mais elevada nas folhas da mandioca do que na raiz da mandioca e a forma de reduzir de maneira significativa o teor dessaPágina 2 de 10 substância envolve técnicas complexas, que não condizem com a forma de preparo do pó preconizado atualmente, podendo ser prejudicial à saúde da população;8 - Foi observado processo de rancificação em amostras do produto, em decorrência do seu conteúdo lipídico e da carga microbiana indesejável que se apresenta muitasvezes em níveis inaceitáveis para o consumo humano;9 - Várias pesquisas experimentais com animais e crianças de baixo peso constataram que a utilização do produto não foi capaz de promover a recuperação do peso corporaldos usuários.Em 1996, com base nessas conclusões, o CFN, ciente de seu compromisso com a saúde da sociedade, emitiu um parecer sobre os aspectos técnicos e éticos envolvidosna questão, que teve grande repercussão entre os nutricionistas e as entidades que utilizavam ou recomendavam a "multimistura" em seus programas de assistênciaalimentar e nutricional. Já naquela época, o posicionamento do CFN indicava "a necessidade de se intensificar as pesquisas e o controle de qualidade do produto".Não bastasse o conjunto de estudos científicos realizados no País, com o objetivo de obter resposta definitiva para o assunto, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estadodo Rio Grande do Sul (FAPERGS), a Pastoral da Criança e a Universidade de Pelotas realizaram o estudo científico “ Ensaio randomizado sobre o impacto da multimistura noestado nutricional de crianças atendidas em escolas de educação infantil”, concluindo que a suplementação com 10g de multimistura não mostrou efeito significativo sobrenenhuma das medidas ou índices nutricionais estudados em crianças atendidas em escolas municipais de educação infantil. (Gigante,2007)Ao longo desses anos o assunto continuou gerando diversas polêmicas, tanto do ponto de vista nutricional, sanitário e microbiológico, quanto em relação ao preceito de segurança alimentar e nutricional, provocando a mobilização de diversas instituições governamentais, entidades cientificas, instituições de ensino superior através dos seus departamentos e Centros de Pesquisas. Estas instituições com o objetivo de alertar as autoridades governamentais sobre a necessidade de se posicionarem em relação ao tema, criaram o Grupo AD HOC de Multimistura, com objetivo discutir o Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade para a MM, cujos subsídios foram encaminhadosao Ministério da Saúde. O CFN esteve presente de forma marcante em todo esse processo...
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