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Dia Mundial da Alimentação: ciência, consciência e responsabilidade
Postado em 15/10/2025 | fonte - Asbran

Por Albaneide Peixinho*

Centenas de países celebram em 16 de outubro o Dia Mundial da Alimentação — uma data que nos convoca não apenas à reflexão, mas à ação concreta em defesa do direito humano à alimentação adequada, segura e saudável. Refletir é necessário quando os conflitos armados e os interesses econômicos consomem mais recursos do que o combate à fome e a promoção da saúde. Mas refletir, por si só, não basta. Agir é urgente.

Neste ano, temos motivo para comemorar: o Brasil saiu do Mapa da Fome, conforme aponta o relatório SOFI 2025 (State of Food Security and Nutrition in the World). Essa conquista é fruto do fortalecimento de políticas públicas estruturantes, como o Bolsa Família, o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), programas que apoiam a agricultura familiar, Cozinhas Solidárias, entre outros e a participação social na governança na definição das políticas, monitoramento e fiscalização, que reafirmam o papel do Estado na garantia do direito à alimentação.

Contudo, para nós da Associação Brasileira de Nutrição (ASBRAN), esta não é uma vitória definitiva. Estar fora do Mapa da Fome não significa que todos os brasileiros tenham acesso a uma alimentação saudável. O país ainda enfrenta profundas desigualdades sociais e raciais, especialmente entre populações negras, indígenas e periféricas, que seguem vivendo em insegurança alimentar grave.

Além de combater a fome, o Brasil precisa enfrentar com mais rigor e agilidade o alto consumo de alimentos ultraprocessados — produtos diretamente associados ao aumento das doenças crônicas não transmissíveis. Em média, 20% das calorias ingeridas no Brasil vêm desses produtos. Esses alimentos estão associados a doenças como obesidade, diabetes, câncer e até depressão. Estudo conduzido por pesquisadoras da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) revelou que o consumo elevado de alimentos ultraprocessados pode aumentar em até 58% o risco de desenvolver depressão persistente, caracterizada por episódios recorrentes ou contínuos por anos.

Essa luta, infelizmente, ainda é lenta e requer políticas públicas mais eficazes, regulação sobre uso de aditivos que são adicionados nos produtos pela indústria alimentícia, proibição de propagandas para o público infantil inclusive com distribuição de brindes, incentivo a campanhas nas midias e redes sociais de uma alimentação saudável e adequada e o compromisso político com a educação e com saúde coletiva.

Temos ainda o desafio de barrar o uso crescente de agrotóxicos. O país ocupa hoje o primeiro lugar no ranking mundial de consumo de pesticidas, muitos deles já banidos na Europa por seus riscos à saúde humana e ambiental. Paralelamente, vivemos um cenário de desinformação nutricional, em que modismos alimentares, dietas milagrosas e conteúdo sem base científica ganham espaço e confundem a população.

Sendo assim, se faz necessário empoderar a população no reconhecimento dos seus direitos a uma alimentação saudável e adequada, que poderá ser feito por meio do controle social, nos seus respectivos conselhos, como o Consea, Conselhos de Saúde, Educação, agricultura, assistência social, entre outros. Outra forma é apoiar pesquisas, ensino e projetos que, sem interferência de conflitos de interesses, possam por meio dos resultados encontrados balizar as políticas públicas, recriando ou redirecionando-as.

Outro grande desafio da atualidade é a desinformação sobre a nutrição, problema que está em alta nas redes sociais e até em conteúdos gerados por IA. Reconhecemos a importância da Inteligência Artificial, porém, devemos como entidade técnico-científica reiterar que é fundamental que a população consiga identificar a verdadeira informação e correr de fake news. Nada substitui a presença do profissional com a escuta acolhedora associada ao olhar clínico, realização dos dados antropométricos e solicitação de exames se necessário.

Neste 16 de outubro também é necessário defender a Nutrição como ciência e reafirmar que alimentação saudável não se resume a nutrientes isolados ou fórmulas prontas. Ela envolve cultura, afeto, sustentabilidade e responsabilidade social.

Devemos comemorar sim as boas conquistas, mas arregaçar as mangas e trabalhar muito pelas populações famintas. A ASBRAN reafirma seu compromisso com a ciência, com a consciência social e com a responsabilidade pública. E faz um apelo: que gestores, legisladores e profissionais unam esforços pela saúde da população brasileira.

Porque a alimentação é, antes de tudo, um direito humano inalienável — e garantir esse direito é dever coletivo.


*Albaneide Peixinho é presidente da ASBRAN

 

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